Che 2017

Che,
Há cinquenta anos te silenciavam.
Há cinquenta anos te paravam.
E como você sabe,
Há cinquenta anos o Brasil era uma ditadura.
Um ano depois veio o AI-5, Che.
Tão bem quisto por quem te odeia…
Os mesmos que te acusam de assassinatos,
Paredóns,
Perseguição a negros e gays, Che.
Dá para entender algo assim?
E é 2017, e não sei se sabes,
Mas não existem carros voadores, teletransportes
E muito menos justiça social.
Talvez na história da humanidade, o mundo nunca foi tão desigual.
É que o passado sempre volta, Che.
Sempre volta para assombrar aqueles que sonham com o futuro,
Assim como foi você.
Humano, demasiadamente humano,
Mas com coragem de mil meninos de MBL
Que sentam o rabo no sofá
E conspiram contra uma nação.
Que falta tu faz ao mundo, Che.
Ter alguém que carregue o peso desse mundo nas costas,
E que segue, com acertos e erros, mas sempre com sinceridade.
E sabe porque não há mais um Che, Che?
Porque sempre preferimos ter alguém que sangre por nós,
E no fim, nos achamos tão revolucionários…
Ainda mais agora que podemos parcelar camisas com teu rosto e nome estampados,
Nos cartões.

fascisti

O (M) de morte, espreita
O (B)eco da fome e da realidade.
O (L) dos larápios que se pretendem apartidários
Vedam a boca, amarram os pulsos, concretam os pés e jogam no rio
O teu povo mais pobre, Brasil.
Guerreiros em insistir em sobreviver
Mas com histórico de servidão e fé inabalável,
Se afogam sem direitos
À espera de um milagre divino
Ou uma mão para lhes salvar.

Mas não há verba para botes salva-vidas
E deus foi privatizado.